segunda-feira, 20 de maio de 2013

A inflação está de volta,Padrão de consumo em mudança.


Para abril, a expectativa dos analistas é de retomada do comércio, em ritmo moderado, ao longo deste ano.

São Paulo. A alta da inflação associada a um mercado de trabalho menos ofertante de vagas alterou o padrão de consumo do brasileiro, que estaria substituindo compras de produtos mais caros por outros de preço menor e qualidade inferior, o que acabou reduzindo o desempenho do varejo em março. É o que avaliam especialistas que analisaram a queda de 0,10% no volume das vendas do comércio varejista no período na comparação com fevereiro.

Desaceleração dos ganhos de renda, moderação na geração de emprego e preços de alimentos pressionados explicam parte do desaquecimento FOTO: KLEBER ALVES

A queda era esperada porque as projeções já contemplavam a alta da inflação em março, em especial dos alimentos (1,14%) e influências sazonais nos dados do varejo. É normal quedas como a de 2,9% no segmento de livros e papelaria em março como consequência do término do período que marca a volta às aulas. O economista da LCA Consultores Paulo Neves afirma que um indicador dessa possível mudança no comportamento do consumidor se apresenta quando se comparam os deflatores implícitos do setor supermercadista com os deflatores da própria Pesquisa Mensal de Comércio (PMC) no mês de março.
 

Em janeiro, o deflator implícito das vendas dos super e hipermercados fechou em 1,2% na comparação com dezembro. Subiu para 1,8% em fevereiro na comparação com janeiro e recuou ligeiramente para 1,7% em março na comparação com fevereiro. No mesmo período, o deflator da PMC fechou em 0,84% em janeiro, subiu para 1,07% em fevereiro e voltou a desacelerar para 0,87% em março.

Esse é um indicativo de que os preços estão subindo e o volume está caindo. Para o presidente da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), Roque Pelizzaro Junior, um dos fatores que contribuíram para a ligeira queda no volume das vendas em março foi o aumento da inflação. Naquele mês, IPCA fechou com 0,47% depois de ter subido 0,60% em fevereiro. Ele lembra que os dados do comércio restrito têm como principal agregado o setor de hiper e supermercados, intensivos no comércio de alimentos e bebidas. Com o aumento dos preços destes produtos em março - de 1,14% em média segundo o IBGE - o consumidor pode ter reduzido o volume de suas compras.

"A inflação corrói o poder de compra do consumidor, o que é facilmente percebido no volume de vendas", avalia Pellizzaro Junior. Para o diretor de Pesquisas Macroeconômicas do Bradesco, Octavio de Barros, o que pode estar por trás da queda das vendas do comércio varejista em março é uma possível a acomodação do consumo das famílias num patamar mais baixo no primeiro trimestre.

"A desaceleração dos ganhos de renda, a moderação na geração de emprego e os preços de alimentos pressionados explicam parte desse desaquecimento", diz o economista.

São Paulo O arrefecimento do consumo das famílias, já sinalizado pela desaceleração das vendas do comércio varejista no 1º trimestre deste ano, pode tirar, em média, 0,5 ponto porcentual de crescimento da economia em 2013, nas contas de consultorias econômicas. Isso significa que, em valores correntes, até R$ 27,5 bilhões que seriam usados na compra de bens e de serviços podem deixar de circular na economia.


A perda de ímpeto de consumo das famílias neste ano vem sendo sinalizada por vários indicadores. Mas, na semana passada, por exemplo, o resultado da Pesquisa Mensal do Comércio (PMC) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostrou o tamanho da freada nas compras. 

 

Fonte-Negócios


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