RIO DE JANEIRO/SÃO PAULO, 9 Ago (Reuters) - A
Petrobras teve no segundo trimestre lucro líquido de 6,201 bilhões de reais,
valor acima das estimativas do mercado, com um crescimento da produção de
combustíveis vendidos a preços maiores e uma mudança contábil que evitou perda
bilionária pela alta do dólar.
No mesmo trimestre do ano passado, a gigante
estatal havia registrado prejuízo de 1,346 bilhão de reais. Analistas ouvidos
pela Reuters esperavam em média um lucro líquido de 5,08 bilhões de reais no
segundo trimestre.
Com utilização de 99 por cento da capacidade de
refino, a petroleira atingiu receita de vendas de 73,627 bilhões de reais, um
aumento de 8,2 por cento em relação ao mesmo período do ano passado e de 2 por
cento ante o primeiro trimestre, informou a companhia brasileira nesta
sexta-feira.
O lucro operacional no segundo trimestre de 2013
totalizou 11,1 bilhões de reais, mais que o dobro do verificado no mesmo
período do ano passado, e 13 por cento maior que o registrado no primeiro
trimestre.
"Este crescimento (em relação ao 1º tri) é
explicado pelo efeito do aumento dos preços de diesel e gasolina ocorridos ao
longo do 1T13, pela maior produção desses derivados em nosso parque de refino,
pelos ganhos com as operações de desinvestimento no exterior...", afirmou
a presidente da estatal, Maria das Graças Foster, em nota, citando ainda
resultados da otimização de custos operacionais.
O lucro operacional foi reforçado por venda de
participações em ativos na África, por 1,5 bilhão de dólares, em junho. Com
foco na produção no Brasil, a estatal reduziu sua atuação internacional de 23
para 17 países nos últimos 12 meses.
O lucro líquido no período de abril a junho, no
entanto, caiu 19 por cento ante primeiro trimestre, por impacto da depreciação
cambial sobre dívida líquida, resultado que foi parcialmente compensado por
alta do lucro operacional, disse a empresa em comunicado.
Diante da valorização do dólar frente ao real, a
Petrobras estendeu, no último trimestre, a Contabilidade de Hedge para proteção
de exportações futuras.
A nova contabilidade permitiu "que perdas
cambiais de 8 bilhões reais, relativas à cerca de 70 por cento do endividamento
líquido exposto à variação cambial, fossem contabilizadas no patrimônio
líquido", evitando uma verdadeira sangria no resultado na empresa.
As perdas, em vez de serem contabilizadas de uma só
vez no resultado trimestral, serão transferidas para o resultado à medida que
as exportações forem realizadas, diluindo o impacto da variação cambial sobre
os resultados trimestrais.
Mas mesmo com a nova contabilidade, a empresa teve
uma despesa financeira líquida de 3,551 bilhões de reais com a depreciação
cambial sobre o seu endividamento líquido.
EBITDA TURBINADO
Paralelamente, a geração de caixa medida pelo
Ebitda (lucro antes de impostos, juros, amortizações e depreciações) atingiu
18,481 bilhões de reais, um salto de mais de 80 por cento sobre o resultado
alcançado um ano antes. O Ebitda veio acima da estimativa média do mercado, de
16,126 bilhões de reais.
Os reajustes nos preços do diesel e da gasolina
ocorridos desde junho de 2012 e o maior processamento nas refinarias
colaboraram para redução do prejuízo da divisão de Abastecimento, que caiu para
2,5 bilhões de reais no segundo trimestre, ante perdas de 7 bilhões de reais no
mesmo período do ano passado.
QUEDA NAS IMPORTAÇÕES
A redução das importações de derivados, num momento
em que o dólar alto encarece estas operações, e menores custos também de
aquisição de petróleo, devido à queda das cotações internacionais, colaboraram
para o resultado da companhia e uma melhora do resultado da divisão de
Abastecimento.
As importações de derivados da Petrobras recuaram
quase 32 por cento no segundo trimestre ante o mesmo período do ano passado,
para 261 mil barris por dia.
Já as importações de petróleo passaram a superar
recentemente as exportações e a empresa deixou de ser superavitária no comércio
externo de petróleo.
A produção média de óleo ficou em linha com as
previsões da empresa, somando 2,555 milhões de barris ao dia, em média, e
praticamente estável em relação aos volumes produzidos no mesmo trimestre do
ano passado e no primeiro trimestre deste ano.
Já a produção de derivados subiu de 2 milhões de
barris por dia no segundo trimestre de 2012 para 2,13 milhões de barris no último
trimestre.
CUSTOS E INVESTIMENTOS
O custo de produção por barril da Petrobras cresceu
cerca de 13 por cento em um ano. O chamado "lifting cost" (custo de
extração), descontando-se a participação do governo brasileiro, passou de 13,28
dólares no segundo trimestre de 2012 para 15,02 dólares no mesmo período de
2013.
Em relação primeiro trimestre, o aumento foi de 2
por cento, refletindo "custos das entradas em operação do FPSO-Cidade
Itajaí; do TLD do FPSO Cidade de São Vicente, do FPSO Cidade de Paraty, do
retorno do campo de Frade,além dos maiores gastos com pessoal decorrentes da
revisão atuarial dos planos de pensão e saúde, conforme relata a estatal.
As novas plataformas permitirão à estatal elevar a
produção, o que deve ocorrer a partir do segundo semestre, segundo executivos
da companhia e analistas de mercado.
Os investimentos da Petrobras no primeiro semestre
somaram 44,113 bilhões de reais, um aumento de 14 por cento em relação ao mesmo
período do ano passado.
Do total, a petroleira investiu 54 por cento (24
bilhões de reais) em atividades de exploração e produção e 33 por cento (14,4
bilhões de reais) em refino.
Os investimentos foram direcionados à
"capacidade produtiva, à modernização e ampliação do parque de refino e à
integração e expansão de nossos sistemas de transporte, através de gasodutos e
sistemas de distribuição", segundo a estatal.
Já o endividamento líquido da Petrobras cresceu 19
por cento no primeiro semestre, alcançando 176,280 bilhões de reais em 30 de
junho. A alavancagem, relação entre o endividamento e patrimônio líquido, ficou
em 34 por cento, três pontos percentuais acima do registrado no final do ano
passado.
O índice de dívida líquida/Ebitda ajustado caiu
para 2,57 vezes, ante 2,77 vezes no final do ano passado
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